Ano: 2023

Enquanto Victoria Beckham se prepara para lançar três perfumes pela primeira vez da sua marca homônima, ela conversa com Anders Christian Madsen sobre as histórias que os inspiraram.

Victoria Beckham prefere aromas masculinos como tabaco e camurça. “A minha flor favorita e de David é a jacinto. E eu adoro madressilva”, diz ela. Em casa ela prefere velas, mas não gosta de lavanda. “Houve muitos plug-ins baratos no meu passado.” Fundados em experiências pessoais, os aromas de estreia da sua marca homónima são a antítese dessa memória. Com lançamento este mês, os três eau de parfums sem gênero, por £170 cada, foram feitos à mão pelo perfumista Jérôme Epinette. “Passei muito tempo com ele. Comecei com as histórias e construí as fragrâncias em torno delas.”

Cada perfume destila as notas que a designer associa a épocas de sua vida bem documentada. Distribuídos em frascos chiques, eles vêm com nomes intrigantes: Portofino ’97, Suite 302 e San Ysidro Drive. Hoje, aconchegada no sofá enorme de seu estúdio no oeste de Londres, com uma volumosa gola redonda e botas de cano alto, ela está usando o último. Fresca e cheia de energia, a San Ysidro Drive leva o nome da estrada de Beverly Hills para onde a família Beckham se mudou em 2007. Ela lembra: “Foi um momento de cura. Isso me lembra Malibu, caminhadas e surf com as crianças. A vida que tínhamos lá.” Não é a primeira vez que Fragrâncias baseadas na memória são lançadas, mas com Beckham é diferente.

Como presença constante na cultura pop nas últimas três décadas, suas lembranças são nossas. Lembramos quando ela se mudou para Los Angeles e como essa fase de sua vida e estilo se refletiu no espírito da época. Estamos atrasados. A decadente Suite 302 – cujo nome representa uma suíte de hotel ideal em Paris – evoca o ambiente de viagens turbulentas à capital francesa com David, provocando flashbacks de fotos dos tablóides do início dos anos 2000. “Me lembro de usar um top deleopardo com uma minissaia de renda roxa saindo do The Ritz e sendo perseguida por paparazzi”, diz ela. “Era opulento. Foi glamoroso.”

Quando menina, Beckham colecionava garrafas vazias de Chanel No5 doadas pela amiga de sua mãe. “Nos anos 80, eu observava minha mãe em sua penteadeira antes de seus jantares. Acho que foi aí que começou meu amor pela beleza e pelas fragrâncias.” Pouco antes das Spice Girls, ela trabalhou na perfumaria da House of Fraser no Lakeside Shopping Centre. “Tive que ficar ali toda vestida borrifando champanhe nos clientes no Natal”, lembra ela, se referindo ao perfume Yves Saint Laurent agora conhecido como Yvresse. Até hoje, ela sempre aceita um spray do spritzer designado da loja de departamentos.

Em 2005, os Beckham lideraram o boom do Y2K em perfumes de celebridades e, embora ela tenha descontinuado o dela depois de alguns anos, “foi um sucesso tão fenomenal que me permitiu parar de trabalhar com outras marcas e começar a minha própria”. Em 2008, ela fundou Victoria Beckham. “Acho que as pessoas sentem que fizeram parte da nossa história”, diz ela. “Eles se lembram de nós sentados nos tronos quando nos casamos. Eles se lembram de quando tivemos o Brooklyn. Eles estiveram nessa jornada conosco.” Em julho deste ano, eles comemoraram seu 24º aniversário de casamento.

Apropriadamente, o namoro inicial deles é capturado no eufórico Portofino ’97. Após três meses de namoro, eles reservaram um quarto no Splendido, o lendário hotel no topo de um penhasco. “Me lembro de David deitado na cama, e eu abri as portas que davam para o mar, e foi de tirar o fôlego. Eu nunca tinha experimentado nada parecido antes. Nunca, jamais esquecerei disso”, diz ela, seguida por um sorriso travesso. “Foi muito sexy.”