Jornal A Tarde – Eu sou socialista e de esquerda!

Jornal “A Tarde”: Eu sou socialista e de esquerda!
Ano: 1999

Considerada a mais talentosa das Spice Girls, Melanie C fala sobre sua carreira solo e garante que o grupo não pensa em se separar.

Milão, Itália – Na Europa, os críticos continuam com a tese de que as Spice Girls fazem uma música “stile bubblegum”. Ainda segundo os mesmos, a mais talentosa delas chama-se Melanie Chisholm, mais conhecida como Melanie C. Como as companheiras, ela resolveu investir na carreira solo, a ponto de ter lançado recentemente o disco Northern Star e ainda estar correndo o mundo com a sua primeira turnê.

Considerada a mais misteriosa e tímida das Spice, Melanie C. ao contrário da desertora Geri Halliwell, preferiu se distanciar da imagem de sexy, e apostou tudo em um look agressivo. Coerente com seu corpo musculoso e tatuado, a música de “C”é suja e tecnológica, como gostam os jovens do fim de século. Ela fala em entrevista a A TARDE. Confira.

P-Qual a experiência de subir sozinha no palco?

R-Com as Spice é muito mais extravagante. Nos shows, por exemplo, é constante a troca de figurinos, nos apresentamos em palcos gigantes… Na minha turnê tudo é ao contrário, já que fico sozinha em contato direto com o público.

P-É mais fácil do que se exibir em grupo?

R-Não, é muito mais difícil, já que para entreter muita gente sozinha é mais complicado. Porém, a protagonista será sempre a música e não os efeitos especiais. Estou investindo no futuro, como estão fazendo as minhas colegas.

P-Você quer dizer que as Spice estão com os dias contados?

R-Pura história. Estamos muito bem e preparamos o nosso novo disco, que deverá sair na Primavera (Outono, no Brasil). Na música, não existem regras e uma carreira não exclui a outra. Há muito que cada uma de nós tenta seguir carreira sozinha. É também por isso que as más línguas começam a falar em “divórcio”. Mas os fãs podem estar tranqüilos: estamos felizes e cada vez mais unidas.

P-Você sente saudades de Geri?

R-Tem dias que sim, outros que não. Digo que não foi uma perda importante, já que como cantora ela não era uma maravilha. Sinto muito em falar desta maneira, mas é assim que penso.

P-Fala-se que as Spice são fãs de Margareth Thachter…

R-(Risos)-Delírio. Eu sou socialista e muito de esquerda. Venho de uma família proletária de Liverpool. Quando começaram a falar tais coisas, não pude mais andar na minha cidade. A Inglaterra é como a Itália: a política inflama as almas.

P-Como você se sente valendo US$25 milhões?

R-Claro que é estranho ter tanto dinheiro e estar entre as pessoas mais ricas da Inglaterra. Mas se você é rico tem que pagar imposto. Eu pago. (Risos).

P-Os jornais ingleses dizem que você é lésbica. É verdade?

R-Estereótipos estúpidos. Não tenho namorado e ninguém me vê com homens. Isso tudo, associado ao meu novo corte de cabelo e a uma tatuagem, faz com que as pessoas pensem que sou gay. Mas sem os jornais sensacionalistas nós não seríamos as Spice. No mundo do espetáculo vale o ditado “falem bem ou mal de César, mas falem de César”.

P-O que as futuras gerações poderão falar das Spice?

R-Que contribuímos muito na história da música. Conseguimos fazer com que um grupo de mulheres superasse o sucesso da maioria dos grupos masculinos. O nosso “girl power” vai ficar para sempre na história.

P-Projetos para o novo milênio?

R-Quero estourar como solista e também desejo que as Spice continuem juntas. Não consigo imaginar, nem por um segundo, em abandonar a vida artística.